sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O bom e barato funciona?

Gazeta Press
Funciona, pelo menos em minha opinião.

São diversos os relatos de pessoas que dizem ter visto, na várzea, grandes jogadores com possibilidade de se tornar profissional. Isso não é mentira alguma, eu mesmo vi.

Recentemente, participei de um festival de futebol juntamente com alguns profissionais. Estávamos sentados no banco de reservas e o Dodô, aquele mesmo, o artilheiro dos gols bonitos, ressaltou que tinha uns cinco ou seis jogadores no campo com capacidade para se profissionalizar.

Fiquei pensando sobre isso. No futebol, é comum o relato de que a sorte ou uma boa indicação chegam a ser mais importantes do que o próprio talento. No entanto, depois de tanto pensar estabeleci uma tese. Não é o fato do jogador ter tido sorte ou talento, o problema está naquele que está olhando e buscando os talentos.

Os clubes profissionais não são profissionais. Raramente são colocados especialistas para analisar e garimpar bons talentos. Hoje a negociata fala mais alto. Vários empresários com bom trânsito realizam a maioria das contratações. Existem muitos exemplos em diversas equipes, haja vista Carlos Leite no Corinthians e Eduardo Uram no São Paulo. Geralmente, quando o clube se interessa por um jogador ele tem que levar outro, com menos expressão, para conseguir o que queria, ambos os atletas são do mesmo empresário e ele precisa desenvolver a carreira dos deles. Não digo que isso seja errado, mas é como funciona.

A fórmula do "bom e barato" é antiga, mas teve maior conotação no Palmeiras durante a administração Mustafá. O time seguiu essa política e foi rebaixado em 2002. Os torcedores tem até aversão ao ouvir falar do "bom e barato". Mas não é isso que o São Paulo, tricampeão brasileiro, fez por tanto tempo? O time do Corinthians, formado com os ditos "refugos" de outros clubes (Cássio, Alessandro, Fábio Santos e outros), não se sagrou campeão Mundial?

Se hoje a economia permite que os times gastem um mundaréu de dinheiro em contratações, em outros tempos não foi assim. O olheiro, profissão das mais importantes do futebol, está extinto. Aqueles times que tem um entendedor, tem ouro.

O bom e barato existe, é possível. Basta aplicação e interesse em procurar.

A superioridade econômica do Brasil permite que contratemos qualquer jogador da América do Sul. Existem vários. O Barcos foi um risco? Quem o acompanhava sabe que não. Mas para entender a falta de profissionalismo, sobre a contratação Frizzo disse que o Palmeiras não era marina para ter barco.

Lembram do Carrossel Caipira (foto)? Ainda há muitos jogadores para descobrir nos clubes interioranos, afinal, eles são formadores e nunca deixaram de produzir a matéria prima. Apenas os grandes clubes deixaram de enxergar.

Por fim, onde estão os olheiros? Onde estão os amantes do futebol para encontrar os bons jogadores? Onde está o profissionalismo?

Talvez um dia iremos entender o motivo de saírem, anualmente, mais de mil jogadores para o exterior. Aí, depois nos assustamos com Hulk, David Luiz e outros atletas que puxamos na memória mas aceitamos nunca conhecemos. Os europeus, profissionais, sabem tudo sobre o atleta que lhes desperta o interesse, garimpam nossos jogadores tão bem como nunca fizemos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O mundo é alvinegro

André Chaco/Arena

O mundo, no dia de ontem, se tornou alvinegro. Isso é um fato, não é porque eu queira ou você queira, mas porque assim foi.

Contradizendo todos os prognósticos, inclusive a afirmação do astronauta que um dia dissera que a Terra era azul, o Corinthians desbancou o favorito e se sagrou campeão.

O jogo, em minha visão, foi parelho. Até verifiquei uma ligeira vantagem do Corinthians. Alguns podem dizer que não, já que Cássio foi eleito o melhor da partida e o melhor do torneio. Sim, ele foi. No entanto, o Corinthians também teve muitas chances, apenas as mandou para fora e o Chelsea acertou no gol, embora tenha parado todas as vezes em Cássio.

Aliás, a atuação do arqueiro foi magistral. Para quem durante cinco anos fizera menos de 30 jogos no PSV, até que ele está muito bem.

O peruano Guerrero também foi devisivo, jogando como um verdadeiro pivô era o jogador do desafogo. Além disso, marcou os dois gols que decretaram o título.

Outros dois jogadores que mereçam destaque: Danilo e Jorge Henrique O meia é mesmo cerebral, troca passes com mestria e consegue acelerar e desacelerar o jogo no momento certo. O atacante mostrou que marca como poucos defensores, sua importância tática é grande, isso serve para calar aqueles que não acreditam que a tática seja importante no futebol.

O técnico Tite começa a figurar como o maior técnico da história do clube. Os números mostram isso e contra os números, talvez, não haja argumentos.

Observando alguns comportamentos aproveitáveis nas redes sociais (menos de 0,05%), eu vejo que a vitória foi simbólica não só para os torcedores do Corinthians. Alguns sentem que a conquista é um resgate da imagem do futebol brasileiro ante o futebol europeu. Além disso, dá mostras de que um time que realmente chegou ao fundo do poço, há alguns anos, pode sair dele e atingir o topo do mundo, se administrado corretamente.

A festa foi grande, mas não completa. O time chegará amanhã para a celebração oficial acontecer. E agora...bem, agora acho que não falta mais nada, o mundo já pode acabar, pelo menos para os Corinthianos.

sábado, 15 de dezembro de 2012

A guerra tática da final do Mundial

O Mundial será decidido amanhã.

Diferentemente do que a maioria pensa, o time do Corinthians, campeão da Libertadores, era sim semelhante ao time do Chelsea, campeão da Champions League.

Agora não mais. O Chelsea mudou sua estrutura e forma de jogar, talvez por isso esteja pagando o preço de ser eliminado na primeira fase da Champions League e não esteja bem colocado no campeonato inglês.

O Corinthians não é o mesmo porque perdeu Castán. O zagueiro Paulo André, que o substitui, não tem o mesmo nível. Além disso, Tite testou formações e ainda não encontrou a definitiva, tanto que mudará para a final.

Falemos do jogo.

Plano tático desenhado por mim no software TacticalPad

Tite já anunciou a saída de Douglas para a entrada de Jorge Henrique. A alteração tem muito mais a ver com marcação do que com velocidade. A função de Jorge Henrique será acompanhar Ashley Cole que sobe ao ataque muito mais do que Ivanovic.

Danilo será o responsável por fazer a bola girar no meio campo, função semelhante a de Oscar no Chelsea (não se sabe se o meia jogará, é possível que comece a partida no banco). No entanto, o veterano cairá pela esquerda para ajudar na defesa, pois o faz melhor que Émerson.

Aliás, Émerson é esperança para alguns por ser um jogador de decisão. A troca de posicionamento com Danilo pode ser proveitosa já que o zagueiro David Luiz, como um líbero, realiza a transição da bola entre defesa e meio campo e defesa e ataque.

Os laterais corinthianos não subirão ao ataque. Os meias-atacantes Mata e Hazard estarão sempre atuando em suas costas. Aliás, a função dos jogadores dos Blues é municiar Fernando Torres e juntamente com ele concluir as jogadas de ataque do time.

Eis a função mais importante do jogo e onde Tite e Benítez acreditam na vitória. Os dois volantes da Seleção Nacional, Paulinho e Ramirez são as peças mais importantes da guerra tática dos treinadores. Habituados a subir ao ataque e marcar gols decisivos, os dois carregarão, durante a partida, o temor de subir e deixar espaço livre para o outro. Entre os dois, o que atingir a plenitude no balanço entre marcação e apoio ao ataque poderá decretar a vitória para sua equipe.

Amigos, o meio de campo é o local onde a vitória estará. Quem o dominar ficará mais próximo do título. Apenas a marcação não será definitiva para a conquista. 

Não importa que, segundo algumas consultorias, o valor de Mata e Hazard valha todo o time do Corinthians.

O futebol é jogado e é também o esporte onde a justiça não prevalece e o dinheiro nem sempre fala mais alto.

Não esperem o mesmo que o ano passado. O Corinthians não é o Santos, não toma muitos gols mas também não tem poderio ofensivo e nem marca tantos tentos como o rival. O Chelsea não é o Barcelona, embora tenha eliminado a equipe catalã quando se sagrou campeão da Champions.

Palpite? Não tenho e não farei nenhum. Digo somente que será uma partida diferente.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Acabou a paz no Internacional

Jefferson Bernardes/Preview.com

O Colorado apresentou, na última quarta- feira (12/12), o técnico Dunga.

Desde a saída da Seleção o técnico esteve desempregado, por sua própria opção, apenas cuidando de seu pai.

A contratação tem como finalidade dar um “choque” na equipe de maior folha salarial do país. Os resultados, ou a falta deles, vitimaram Dorival Júnior e Fernandão neste ano. A décima colocação da equipe no Campeonato Brasileiro ficou longe das pretensões e irritou não só a diretoria como a torcida.

Dunga assinou por um ano e amparado por Giovanni Luigi, presidente do Inter, terá carta branca para enquadrar e até dispensar quem não se aplicar. O time tem jogadores já satisfeitos com a carreira e de difícil trato como D’Alessando, Forlán, Kleber, Guiñazu e outros.

A difícil vida de dirigir o time em que é ídolo será posta à prova com Dunga. O Inter já conseguiu diminuir a idolatria de Falcão e Fernandão. No entanto, Dunga parece vacinado, seu único trabalho é digno de elogios para alguns. Com a Seleção Brasileira ele obteve um aproveitamento de aproximadamente 78%.

Apenas uma coisa é certa, conhecendo a personalidade do Dunga, o Internacional não será ridicularizado em seu próprio domínio como tantas vezes fora neste Brasileirão.

Acabou a paz para alguns jogadores, exatamente como a torcida e a diretoria queriam. 

[NOTA: Texto escrito para a coluna publicada na Gazeta de Santo Amaro em 14/12/2012]

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Quarta-feira decisiva

A quarta-feira promete ser decisiva tanto para tricolores quanto para alvinegros.

Os torcedores poderão acordar na qiunta-feira contentes (vitória de seu time e vitória do rival), estupefatos (vitória de seu time e derrota do rival) ou arruinados (derrota de seu time independente do placar do rival).
 

 
Amanhã cedo acontece a semifinal do Mundial, onde Corinthians é favorito. E assim é considerado porque tem um time mais competitivo.

Além disso, o Sanfrecce Hiroshima, eliminado pelo pelo Al-Ahly, era melhor. Todos dizem que não, mas foi o que eu enxerguei da partida.

O jogo vai apresentar motivações distintas, os egípcios jogarão pelos mortos na tragédia Port Said e os brasileiros jogarão pelos dez mil alvinegros que estarão in loco.

Posso dizer que os times se parecem na disposição tática do jogo. Tecnicamente o time brasileiro é melhor e carrega consigo a obrigação de vencer.

A formação escolhida por Tite jogou apenas 16 minutos no último majestoso, Guerreiro se contundiu e saiu. No entanto, a defesa do Al-Ahly é fraca, haja vista a fumaça que os japoneses causaram. Isso pode ser favorável ao ainda desentrosado Corinthians.

Acredito em uma vitória do Corinthians por 2x0. Assim o time aguardará a disputa do dia seguinte entre os mexicanos do Monterrey e os ingleses do Chelsea.



No mesmo dia, horas mais tarde, vamos conhecer o campeão da Sul-Americana.

O São Paulo é franco favorito não apenas por jogar em casa, mas muito pelo que o adversário apresentou.

A escolha de Willian José para substituir Luís Fabiano será um teste de fogo. A torcida não morre de amores pelo jovem que deverá se despedir da equipe. Antes que eu me esqueça, eu escalaria Ademílson.

A partida terá a mesma cara da anterior. Os argentinos, conscientes de que não tem técnica o suficiente, apelarão para a catimba. Os brasileiros terão que se manter na linha.

O São Paulo terá que ser paciente, para isso ele terá 60 mil espectadores que devem dar esse apoio e não apressar a equipe.

Creio em vitória do São Paulo, inclusive com relativa folga por 3x1. Até porque, a equipe brasileira é acostumada a torneios internacionais e o Tigre ainda não tem fama sequer na Argentina.

A canonização do Santo


Para quem imaginava um final de ano modorrento como fora o término do Campeonato Nacional se enganou.

O trio de ferro ainda têm compromissos pendentes e de relativa importância, ainda que não na mesma proporção. O Corinthians disputa o Mundial, o São Paulo decide a Sul-Americana e o Palmeiras vê um dos seus maiores ídolos se aposentar.

O confronto entre o Palmeiras campeão da Libertadores de 1999 e a Seleção Brasileira campeã mundial de 2002 é irrelevante frente ao real interesse da partida.

Falemos de Marcos, não falemos de defesas ou falhas. Até porque, assim como vocês, acompanhei a carreira dele e, consequentemente, cada um tem uma defesa favorita.

Marcos foi um boleiro, não foi atleta, pois nem ele mesmo considerava que fosse. Errou e acertou por diversas vezes, no campo e fora dele. Viveu intensamente o que o futebol lhe proporcionou. Às vezes, tão intensamente que se machucava. E como se machucou. Para um goleiro, seu número de lesões é um absurdo. Mas, como todo brasileiro ele se manteve firme até onde conseguiu. E o fim chegou.

O ocaso de sua carreira contribui para o término de uma geração para qual o futebol ainda era unanimidade.

O jogador que sempre falou mais do que deveria e rendeu sempre grandes entrevistas e matérias já adiantou que irá desaparecer da mídia. Com tudo isso, o futebol e a imprensa ficarão órfãos.

Afirmo que Marcos foi o melhor goleiro que vi atuar. Para os palmeirenses nem precisa perguntar.

Por fim, e diferentemente do usual, vai ser a primeira vez que vejo um Santo ser canonizado ainda com vida. Será esta noite, no velho Pacaembú.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A seleção do campeonato

Após o termino do campeonato, são diversas as premiações dos melhores jogadores.

Duas são consideradas as principais: a festa horrível que é proporcionada pela CBF e a da Placar que entrega as tradicionais bolas de prata e de ouro.

A CBF, para atrair a atenção da mídia e dar uma importância à festa, entregou a taça somente na festividade. Considero uma piada, a taça tem que ser entregue no campo como foi feito este ano com o Fluminense e não como nos últimos anos com os outros campeões.

As seleções das premiações sempre apresentam uma distinção, nesse caso farei a minha com o que observei por todo o campeonato.




Diego Cavalieri (Fluminense) - Por diversas vezes salvou o Fluminense. A equipe consegue outro título mesmo sem ter uma defesa ótima. Em todo caso, agora contava com um goleiro de classe.

Marcos Rocha (Atlético-MG) - Mostrou no ano passado, enquanto o América-MG teimava em não cair, que tinha qualidade. Esse ano foi apenas a confirmação. Foi o responsável por 108 desarmes na competição.

Werley (Grêmio) - Uma grata surpresa que era do Atlético-MG e foi envolvido na negociação de Vítor. Foi expulso uma vez na competição.

Réver (Atlético-MG) - O líder da defesa mineira. São muitos os treinadores que o levam para a Seleção. Teve uma média de, apenas, 0,7 falta por jogo.

Fabrício (Internacional) - Conseguiu ganhar a posição e colocar o selecionável Kléber no banco. Despertou o interesse de outras equipes. Foi um dos que mais cruzou no campeonato, média de 5,2 por partida.

Jean (Fluminense) - Deu a volta por cima após sair do São Paulo. Mostrou seu valor e regularidade. Disputou 35 dos 38 jogos do campeonato.

Paulinho (Corinthians) - Mesmo sem ter tanta gana no campeonato, o jogador manteve as boas atuações. Realizou 10,3 desarmes em cada jogo.

Bernard (Atlético-MG) - A revelação. Meia rápido e habilidoso que foi a figura da galo na competição. Marcou 11 valiosos gols para sua equipe.

Ronaldinho (Atlético-MG) - Mostrou que como seu xará, o Fenômeno, pode dar a volta por cima. Foi o Rei de assistências do campeonato com 13.

Fred (Fluminense) - A cada vez garante sua posição de ídolo para o clube das Laranjeiras e foi o goleador da competição com 20 tentos.

Neymar (Santos) - Apesar de pouco jogar, o atacante barbarizou como de costume. Marcou 14 gols em 17 jogos, sendo que vários deles foram pinturas.


Essa é a Seleção que penso ser a dos melhores jogadores da competição. Não é semelhante a de nenhuma das premiações, nem mesmo é a que pode ser considerada correta, até porque, como diria Nélson Rodrigues: toda a unanimidade é burra.